Já me tinha apercebido de que faltava aqui qualquer coisa, um travo de pimenta, ou como eu adoro aromas, um travo de noz-moscada...
Sempre achei que quando voltasse a ter alguém era para a vida todaaa...
Até era. Mas o tempero não me convence.
Sinto a minha intuição a gozar comigo. A sério.
"Já deixaste de gostar de ursinhos de peluche a muito tempo, querida" diz-me ela entrelinhas, quando não sinto aquelas borboletas na barriga quando o vejo, quando acho que o nosso beijo não é propriamente apaixonado, que amo o moço mas lá no fundo acho-o uma seca.
Isto é o que dá andar a idealizar durante muito tempo.
E espero que seja só isso, ou o meu cansaço depois de seis dias no campo, viagens longas, stress...
Eu era a imagem do embaraço, quando aquele senhor parou a pedir indicações, quando sorriu para nós daquele jeito maroto...
Quando me puseste no murete para estar a tua altura. Quando me levantaste e voltaste a pôr no dito murete mesmo ainda estando ali três carros a inverter a marcha e beijaste de forma ainda mais meiga do que o costume.
Quando passeámos pela beira-rio e cruzarmo-nos com tanta gente minha conhecida. Não contava assumir-te já mas...
Aconteceu.
Não tenho vergonha de assumir que estou contigo, até porque a paz que me dás é única, até porque quando não te vejo falta algo, até porque o que sinto é real...inesperadamente real.
Eu, a tipa do Tinder.
Eu, a tipa da masturbação á distância, dos amores impossíveis.
Eu, que achava que gostar de alguém envolvia complicações.
Eu, no primeiro dia em que nos vimos, assumo que te achei um arrogante.
Nós, a mandar as urtigas ideias pré-concebidas e tudo mais.