Há dias em que o sossego de ter uma casa só para mim é relaxante e me sabe bem.
Depois há os outros, em que o silêncio se torna excessivamente pesado, em que falta a companhia nem que seja para dar um animozinho as arrumações.
O gás pifou e o arroz ficou uma porcaria.
A rinite é uma treta e acompanhada de febre, pior.
No andar de baixo o senhor acordou inspirado, pegou no barbequim e toca a fazer um estardalhaço na parede e toca a acordar malta que dormir é para os calaceiros!
(Filho da p....!)
É sábado, nem tudo é perfeito, mas pronto.
Amanhã vou pegar ao aspirador ás 5 da manhã e já ficamos quites.
Quando o frio te fazia doer as mãos e as apertavas no pano para aquecerem?
Quando eras a primeira a chegar e cantarolavas aquela canção no pátio , tantas vezes?
Lembras-te de todas as vezes que desejaste ver-te livre da melancolia, da vida não ser tão pesada, tão dura?
Olha para ti, agora!
De vestido florido e livro na mão a passear pela cidade, ora com auriculares, ora sem, mediante a pressa.
Os únicos horários com que tens de te preocupar é a hora da saída da colega, para a senhora não ficar sozinha. E ainda arranjaste uma avó por quem tens um carinho genuíno.
A solidão ainda te pesa, mas já é diferente. Estás livremente só.
Já começas a ter a vida que escolheste para ti. Agora é não desistir e sobretudo, não ter medo.
Foi a primeira vez que realmente lhe tirei as medidas, foi a primeira vez que o olhei de alto a baixo, foi a primeira vez que me dignei a olhar pra ele como deve ser.
Caramba.
Relembrei a noite que passei com ele...
Foi épica, sem dúvida.
E os sinais de que não ia haver um depois, foram mais do que muitos.
E eu vi, mas só acreditei quando se despediu de mim.
Aquele beijo na cara, comparado com o beijo arrebatador na boca com que me recebeu, foi como gelo na minha carne ainda em brasa.
O silêncio nos dias seguintes, só confirmou o que eu já sabia..
One night stand.
Ele não me falou, nem pra mim olhou, prefiro pensar que não me reconheceu, estando eu coberta de poeira do trabalho...
Cada um tem a importância que se lhe dá!
Aquela noite até nem foi assim tão boa...
E ele até nem é assim muito jeitoso...
Mas por carga d'água fui eu para a cama com aquilo?
De haver outra pessoa, de não ter tempo, de não ter pontaria..
De ter tudo, menos a sorte do meu lado, ter mais entraves que sei lá o que..
Era bom para variar ter-te a distância dos meus braços, beijar-te ao invés de mandar beijos...
Ter-te aqui.
Fazer amor contigo porque posso, porque nos apetece, porque eu e tu alternamos entre a parvoíce e o mimo, e com alguma zanga pelo meio, e era bom não haver nada a meio, só haver o nós...
Era bom aproveitar a química e viver, era bom dar aso á imaginação, sem medos..