Estou de direta.
Ou talvez ainda não tenha acordado...
Ainda te vejo ali deitado, na minha cama cada vez mais nossa, depois duma noite mágica...
Ainda tenho dúvidas se não foi tudo um sonho bom..
Maravilhosamente bom.
O quarto está num desalinho...
Encontro o meu pijama amarrotado e as minhas cuecas perdidas nos lençóis...
Nas paredes ainda ecoam as gargalhadas, as confidências, os beijos ruidosos...
Coitados dos vizinhos.
Mais do que te sentir, a noite passada foi o meu render definitivo a ti.
Foi o meu render a uma história improvável, a um amor calmo e doce mas cada vez sedutor.
Um amor de tal modo forte que já vai sabendo driblar o meu azedume, mas sobretudo, o meu mau feitio, que sempre achei defesas intransponíveis.
Substimei-te. E de que maneira.
Anseio por ele.
Que faça deslizar os dedos pelas minhas curvas com ternura, que me beije com malícia, que me deseje..
Que me toque.
Que não tenha pudor em apalpar, em acariciar, em sentir...
Que perca as reservas e avance sem medo.
Descobrir o corpo da mulher que ama.
Perder-se no corpo da mulher que o ama.
Por fim.
.
Os homens pensam demasiado com o pénis, dizemos nós, mulheres, seres sem pénis, puras e eternas donzelas!
Não procuro one night stand , é outro argumento da fachada que é o puritanismo feminino.
Ficamos fulas quando o moço nos aponta a celulite ou algum pelito descuidado, mas não hesitamos em despachar uma cara feia no Tinder.
Coêrencia, queridas...
Para quê negar que também nos deixamos guiar por um clítoris duro, que a falta de sexo nos deixa meio desnorteadas, que a carência muitas vezes nos torna menos seletivas?
Que também levamos homens para a cama e no dia seguinte tem ordem de marcha?
Que é divertido seduzir online, dar prazer online, tocar-se com alguém que provavelmente nunca se verá?
Uma coisa é ser princesa, outra coisa é ser enjoada.
Ser mimada é bom, mas uma mão atrevida dentro das calças a fazer das suas..ui.
É bom, sabe bem e não faz mal a ninguém.
Agora que o dia passou, que a noite vai ser igual a tantas outras...
Andou todo o dia ao meu lado.
Fisicamente atraente, intelectualmente espectacular..
Aquele tipo de homem a que sabe bem estar encostada.
Aquele homem a quem não me importava de estar colada, perdida em tesão e suor..
E que até está relativamente perto no que toca distância..
E apetece-me...tanto.
Vou continuar com a minha leve provocação de hoje..
Prometo dar novidades.
Já perdi a conta a quantas vezes repeti o discurso..
Não procuro nada casual...
Sou da zona de Bragança..
Sim eu sei que é longe mas as mulheres da parvónia também são mulheres e quando na terra não há de jeito, procura-se fora!
Não, não tenho taras esquesitas, sou romântica e só isso já é esquesito para os padrões atuais, um nada demodé...
Não não quero apreciar o belo do chouriço que tens guardado nas calças, se é tão especial como tu, não é nada de especial..
Que procuro por aqui nem eu sei, acabo por ter conversas até agradáveis e por isso vou ficando..
O mais parecido que há nos sites de engate a um príncepe encantado é gente igual aos cascos do cavalo dele..
A incoêrencia das fotos...sou simpático numa foto em que o semblante é fechado...
Sigo feito vadia, libertina, outsider num mundo ousado, onde abunda azeite, gente sem gosto até para óculos de sol...
Insatisfeita..
Meia-noite.
Eu e a cama, e o desejo de ti..
E a vergonha de o sentir, o corpo a pedir..
Devo?
O humedecimento da calcinha encoraja, mas o pudor..
Estou só, e custa tanto esta solidão..
Fecho os olhos e deixo a mão deslizar.
Movimentos lentos, circulares e daí a nada o clítoris fica no ponto..
A outra mão percorre os seios, brinca com os mamilos..
Desconhecia a suavidade da minha própria pele.
O charco virou lago....estava eu com vergonha de quê?
É o meu corpo, as minhas curvas, o meu desejo e mais do que isso, a minha satisfação.
Deixo escapar uns gemidos baixinhos, a sensação é de outro mundo, perdida de desejo e ensopada em suor e não só, isto é tão bom..
Atinjo o clímax.
Recupero o fôlego, descanso por momentos...
Banho morno na pele em brasa, para revigorar...
Sento-me á janela, meio despida, meio coberta com a toalha.
Olho feito marota para quem passa..
Mal eles sabem o que andam a perder.
Disseste que não sabias dançar.
Peguei-te na mão e beijei-te ao de leve....
Deixa-te ir.
Lentamente, por entre uma pisadela e outra, ensinei-te o compasso daquela valsa que além de simples , me diz muito.
A dada altura, o meu vestido já esvoaçava, os teus pés não me pisavam e o teu nervosismo inicial deu lugar a um brilhozinho nos olhos.
Dançámos até doer os pés e quando começaram a doer tiramos os sapatos e continuamos a dança sem roupa e a compasso do desejo.
Acordamos abraçados, a sorrir e terminámos o show já a manhã ia alta.
Onde é que íamos?
9h20 da manhã.
Duche morno para um corpo ainda quente numa manhã fria.
Fechei os olhos e procurei a paz que o teu desassossego me tira.
Respirei fundo e sorri....
Ao sair, lá estavas tu,a olhar-me com o teu modo crítico de sempre.
Sendo tu assim tão esquisito, como raio me desejavas tanto assim?
As minhas pequenas estrias na fronteira da barriga com as costas.
A depilação que começava a precisar de ser feita, principalmente na zona púbica, sítio primordial para ti.
O cabelo desalinhado do banho, as olheiras.
Abriste o toalhão que nos entretantos me tapava e te passou também a envolver.
Encostei a cara ao teu peito e respirei o leve aroma a suor que ficara da noite passada.
Beijaste-me na testa e ficámos assim um bom bocado.
Estava em paz.
Depois do clímax, do apogeu de tanta diabrura, de te perderes feito insaciável nas minhas curvas, acalmas.
O teu olhar reluz, o teu corpo sua, o teu cabelo está em desalinho.
Fiz um bom trabalho.
E por muito que me queira aproximar, esconder-me nos teus braços, enebriar-me no teu cheiro, resisto e contemplo-te.
Assim, como se aprecia arte.
A simetria perfeita do teu rosto, os teus braços, o teu peito. O colo, o membro, as pernas vigorosas. Tu.
Perfeito, malandro, assanhado, rebelde.
Olhas-me de soslaio e sorris.
Cedo finalmente e abraço-te, mordisco-te o lábio.
Beijas-me languidamente, as mãos recomeçam a percorrer-me, nem pensar em resistir-te.
Em que round é que íamos?
E uma banda sonora para acompanhar a leitura...
https://www.youtube.com/watch?v=3vmj_wTU-zw
Perdi as mãos no teu cabelo, colei-me ao teu corpo, entrei em delírio...sei lá bem onde fui parar.
Desvaneci nos teus sentidos, misturei o teu suor com o meu, a minha boca que te percorria, o teu corpo que me pedia...sabe-me bem perder-me em ti.
Vimos o dia findar e a noite surgir, deslumbrados e ao mesmo tempo aluados porque embora neste mundo, estávamos noutra dimensão...completamente absortos em curvas desmedidas, suspiros apaixonados e a loucura que parecia não ter fim. E as ideias...
Voltei á Terra, escondi-me nos teus braços e adiei ao máximo a despedida.
Espero por ti de novo, ao anoitecer.