Depois há a nossa amiga Touriga Nacional, que proporciona ótimos vinhos, mas é da mais sensíveis ao calor, é chata na poda e na despampa, além de não render muito quando se quer mostrar trabalho ao fim do dia...
A crise de que o Presidente Marcelo falou recentemente, a tal crise que ainda não se notava muito no Douro...
Daqui por diante vai notar.
Com o cortar das pontas na vinha, acaba o grosso do trabalho, até a vindima.
Boa parte da mão de obra vai parar, e este ano não há os empregos de verão que muitos colegas arranjavam, porque o trabalho é sazonal mas a vida faz-se todos os dias.
Temo pelas dificuldades que muita gente vai passar.
Antes do confinamento, éramos 23 pessoas a trabalhar.
Durante, o mínimo fomos 7 e o máximo 10.
Presentemente, e já com o trabalho a mingar, somos 14.
Sinto que toda a gente olha para o lado, sinto que há um real receio de ser mandado embora.
Ninguém anda feliz com a perspetiva de ficar sem trabalho.
E nós, somos aquele complemento ao dito pessoal da "casa" nas quintas, chamam se necessário, e em maré de contenção de custos, somos um luxo que se evita.
Não há dinheiro.
Há reduções de benefício, há crise real a espreita, há ansiedade.
Há medo. Muito medo.
Acho que mais do que nunca, o Douro tem que resistir porque por muita mecanização, o Douro é e será as pessoas.