O tormento
Mais um incêndio.
A paisagem noturna ontem era assustadora.
Duas linhas de fogo, mais a que não se vislumbrava do lado de cá, por sinal, a maior.
Toda a gente em pânico.
Toda a gente perdeu haveres para o fogo.
O ar era irrespirável, logo pela manhã. Em conjunto com o calor, tornava o trabalho quase um sacrifício.
Não se via mais do que 200 metros a nossa frente. Vários reacendimentos.
Não sei o porquê, sei que raro é o ano em que uma das fragadas que delimitam o vale, arde. E lá volta a repetir-se o tormento e sobretudo, lá volta o luto a paisagem.
Gostava de perguntar a quem ateia fogos, o porquê.
Não entendo.
Trabalhar na natureza tem-me feito entendê-la, e cada vez mais, respeitá-la.
Devia ser mentalidade geral.
Todos respiramos o mesmo ar. É não esquecer isso.