Quando o frio te fazia doer as mãos e as apertavas no pano para aquecerem?
Quando eras a primeira a chegar e cantarolavas aquela canção no pátio , tantas vezes?
Lembras-te de todas as vezes que desejaste ver-te livre da melancolia, da vida não ser tão pesada, tão dura?
Olha para ti, agora!
De vestido florido e livro na mão a passear pela cidade, ora com auriculares, ora sem, mediante a pressa.
Os únicos horários com que tens de te preocupar é a hora da saída da colega, para a senhora não ficar sozinha. E ainda arranjaste uma avó por quem tens um carinho genuíno.
A solidão ainda te pesa, mas já é diferente. Estás livremente só.
Já começas a ter a vida que escolheste para ti. Agora é não desistir e sobretudo, não ter medo.
Este livro tem estado a ser um verdadeiro abre-olhos, e veio-me parar as mãos na altura certa. As pessoas de repente tiveram que ficar fechadas e o mundo regenerou, a Natureza começou a recuperar o que lhe foi roubado, o ciclo retomou...
O autor leva a questão verdadeiramente a fundo...será que a salvação da Terra será a extinção da Humanidade?
(...) " Anjo que tardas, minha lotaria, dá-me as tuas asas que eu dou-te alegria. Anjo sem casa nem sabedoria, balda-te ao céu, faz-me companhia. Anjo fugido, de cabeça esguia, pousa no meu colo e diz-me «bom dia». Anjo enganado, cor da minha vida, volta para o meu lado ou dá-me uma saída. Anjo do escuro, pássaro sem medo, leva as minhas penas, dá-me o teu segredo."(...)
Porque nada vai bem. Porque só consigo deitar as mãos a cabeça. Porque...sei lá.