Aquele olhar fulminante, os lábios finos, quase espremidos, a expressão dura...
O meu mau feitio.
Ou como diz uma tia minha " és muito melindrosa, qualquer coisinha ficas logo coise..."
Tenho dias em que começa logo de manhã e aí geralmente o café resolve.
Depois há aquele que surge durante o dia devido a alguma situação.
Só passa resolvendo a dita situação.
Mau feitio a noite é raro, felizmente.
Por norma consigo que me deixem em paz e o par de trombas geralmente tem esse objetivo, estou irritada e preciso de pensar, preciso de não ouvir ninguém, preciso de um momento para me abstrair do mundo...
Mais do que o desejo que me despertas, é a serenidade que me dás.
É a vontade de que as conversas nunca terminem, de que o tempo pare nas raras ocasiões em que te consigo ter por perto.
É o teu bom gosto musical e a tua tentativa de me educar. São as músicas que tocam na rádio e que parecem que falam para nós.
São as tuas ideias, mirabolantes, que eu tento entender e defender com unhas e dentes.
Se há palavra que te define é ousadia. Em tudo.
São os teus olhos banais, as mãos de artista e o sorriso de gaiato.
É a tua vontade de viver, ainda que sem um rumo certo, mas sabes que hás-de lá chegar, importa é saborear a viagem.
És tu na tua essência. Tão óbvio, tão escancarado. És assim, que lixem os julgamentos.
Usas e abusas do sarcasmo, da ironia mas sobretudo do mau feitio. Para mal dos meus pecados...
São as borboletas na barriga que me provocas, é a paz quando estás por perto. É esta ternura, esta atitude de gostar de ti e das pequenas coisas, de ti por inteiro.