Sentei-me no vão de escada, à espera, com o ouvido à escuta, o coração a mil. Tive tanto medo naquele momento.
É humano estar sempre à espera do pior , em sobressalto.
Quando por fim, saiu, respirei de alívio. Dei por mim com um sorriso tamanho, o coração em euforia, mesmo não tendo as skills de cabeleireira que tanto jeito tinham dado ali. Nunca a frase "corações ao alto " me fez tanto sentido.
Fui assaltada por um amor maior, ternura permanente que me faz apegar a pessoas quando menos espero.
Feliz e ao mesmo tempo com todos os medos do mundo que ela sofra.
E aquela nostalgia. Apaixonei-me pelo meu melhor amigo da altura justamente com 13 anos.
O primeiro amor...meu deus.
Andei atrás dele, pacientemente, durante três anos.
Faltava as aulas para poder almoçar com ele. Armei-me em jogadora de futebol. Por pouco não me tornei adepta do benfica. Por pouco!!
Eu era doida por ele, ele aproveitava a atenção e toda a gente me gozava por isso. Principalmente, por toda a gente ver o que eu não via: ele não gostava de mim.
Felizmente, o acordar para a realidade foi suave, fui esquecendo aos poucos.
E foi a indiferença dele perante o meu afastamento que tornou o óbvio, evidente.
Vivi momentos marcantes, éramos muito cúmplices.
Acho que foi essa cumplicidade que tornou tudo tão mágico.
Apesar de ter sido só eu a gostar.
Ele é loiro, pele clara e olhos azuis. Não mudou muito as feições desde essa altura.
E as raparigas com que o fui vendo desde esses tempos, fisicamente não tem nada a ver comigo: cheinhas, tom de pele rosado e mais baixas do que ele.
Custava muito ter-me dito que não fazia o tipo dele?