Não sei se é mistica, ou magia, ou o carinho que vou ganhando a cada regresso.
O facto é que me sinto muito bem ali.
Sinto-me em casa.
E acalento o sonho , já a algum tempo, de tentar reverter a desertificação, de trazer gente, de tornar o lugar conhecido, de mais do que tentar explicar a minha paixão, é provar que tem fundamento, mostrar o que tanto me encanta ali..
É uma pena o abandono a que já vai sendo deixado. Uma pena mesmo.
Certa vez enchi-me de coragem e escrevi um email á Presidência da República, a sugerir uma visita por meio de aferir no terreno a desertificação do interior.
Recebi a resposta do chefe da casa civil, obviamente foi recusada.
O sr. Presidente , a CMTV e os abutres só aparecem quando há desgraça. É certinho.
O sonho continua cá, e no momento certo da minha vida vai materializar-se.
Ela tinha 36 anos e eu 5 dias de vida quando deixou de ser o meu colo para ser o meu anjo da guarda,até hoje e provavelmente para sempre.
Sempre soube da verdade. Apesar de ter tido uma mãe de carne e isso para me criar e lhe dar uma valente trabalheira, a minha mãe mesmo estava no cemitério.
Foi isto que me foi incutido desde que me lembro.
Mas nunca foi assim que eu vi o assunto e é a primeira vez que falo nisto.
A ideia de mãe para mim é repartida por duas, ou melhor ultimamente por três.
O certo é que me foi apresentado um retrato de uma senhora, de quem herdei o formato dos lábios, o nariz e o queixo e alguns trejeitos, diz quem a conheceu.
A minha mãe.
Pra mim a minha mãe estava em casa, grávida do meu mano mais novo...mas disse que eu não tinha vindo da barriga dela.
Então mas eu vim de onde? Ah...
Foi assim que entendi o real significado da maternidade. Aos 6 anos.
Acho que vem desta história a relação tão próxima que tenho com o misticismo. Era lá que estava a minha mãe, sentir o amor dela é algo místico, já não é terreno..
Por isso a tomei como anjo da guarda. Constantemente sinto uma presença, uma segurança, uma paz lá no fundo de " nada temas que estou aqui".
Sinto-a por todo o lado. Parece que a natureza fala por ela, me reconforta e afaga como ela não pode fazer.
Nunca me sinto realmente só, e espero que ela esteja por aí, por perto.