A compulsão.
Desde que me lembro de ser gente, que me lembro de me sentir triste.
Um estado melancólico quase permanente, pesado, que me levou a procurar fuga da realidade. Ou reconforto.
Foi então que surgiu a minha compulsão pelo açúcar. Sempre que me sentia triste, ou zangada, ou simplesmente sem ânimo, umas colheradas de açúcar amarelo e ficava tudo bem.
Com o tempo o açúcar já não chegava e então basicamente eu era um sorvedor de comida.
As voltas da vida levaram a que tivesse acompanhamento psicológico em alguns momentos da adolescência.
Para boa parte das pessoas a minha volta eu era ( e ainda há quem ache) doida. Maluca mesmo.
Já tive ideias suicidas. Já fui completamente abaixo. Já me apontaram vezes sem conta o dedo.
E o mais assustador é saber que pessoas como eu acabam mesmo por se suicidar. Percebi isso pela leitura de cartas de despedida.
Mas eu até gosto de viver.
O problema é este fardo permanente.
Resolvi falar disto como um alerta, para se estar atento a quem está a nossa volta. Nem sempre o aparentemente bem é assim na realidade.
E sobretudo, parar de apontar o dedo.
Só quem está na situação é que sabe o quão doloroso pode ser.